NOVO CONTRATO PREVÊ O ARMAZENAMENTO DE TODAS AS GRAVAÇÕES POR UM MÊS A MAIS
Na última semana, a Polícia Militar do Rio oficializou a renovação do contrato das câmeras corporais (COPs) usadas pelos militares no trabalho externo. O aditivo prevê que a empresa L8 Group continue fornecendo as câmeras, armazenando as imagens e realizando a manutenção dos equipamentos. Entre as novidades do novo acordo está a extensão do armazenamento de 60 para 90 dias de todas as imagens gravadas.
Atualmente são 15 mil câmeras em operação no Rio, 13 mil delas por policiais militares. Pelo novo contrato serão entregues mais 2,3 mil COPs e instaladas mais 60 bases operacionais em unidades da corporação.
— Fizemos muitas melhorias no projeto, como a criação de um sistema próprio e mais seguro para a custódia de imagens e o desenvolvimento de baterias e carregadores mais resistentes, com tecnologia 100% nacional — diz Leandro Kuhn, CEO da L8.
A empresa também fornecerá novas baterias e um sistema aprimorado de fixação das câmeras às fardas dos policiais. Também será implementado um sistema de monitoramento de câmeras em todos os ambientes onde estão as estações de carregamento. Essas imagens internas podem ser acessadas em tempo real pelo comando da PM e serão guardadas por dois meses.
CÂMERAS REVELAM ‘TOUR DA PROPINA’
Foi com o auxílio das COPs que a Corregedoria da Polícia Militar e o Ministério Público descobriram um esquema de cobrança de propina. As investigações obtiveram diversos diálogos gravados pelas câmeras corporais dos agentes denunciados. Em um desses diálogos, um sargento da Polícia Militar ironiza a fiscalização das câmeras corporais, afirmando que não é possível monitorar todo o efetivo da corporação.
Segundo as investigações, além de dinheiro, os PMs foram flagrados recolhendo engradados de cerveja e até frutas de estabelecimentos.
Em uma das conversas gravadas, um sargento diz: “Por isso que eu to usando câmera, eu não tô cometendo nenhum crime, o dia que eu for cometer um crime eu não vou usar câmera, que pô idiotice, não tem coerência”.
Depois continua: “Vou usar câmera sempre que eu não tiver cometendo crime, vou trocar a câmera sempre que eu não tiver cometendo crime”.
No decorrer do diálogo, ele afirma que é impossível monitorar todos os policiais a partir dos aparelhos: “Eles podem até parar de ficar me olhando, que não adianta, que eles olhar eu não vou estar cometendo crime. Eu não vou cometer crime com eles me olhando”.
Depois de uma pausa, ele continuou: “Esse negócio aí, que ficam olhando lá no monitor olham por amostragem po, não tem como olhar cinquenta mil, vamo bota vinte mil polícia, dez mil, não tem como olhar dez mil polícia”, afirmou.
Os militares foram denunciados por corrupção passiva, negativa de obediência e associação criminosa. Segundo a denúncia, foi identificado o recolhimento de valores em 54 estabelecimentos. Assim, o grupo envolvido no esquema promovia um “tour da propina”, destaca o MPRJ, porque visitava sequência dezenas de comércios para arrecadar dinheiro ilicitamente.