OS JURADOS ENTENDERAM QUE O PM FOI AUTOR DO DISPARO, MAS QUE ELE TEVE INTENÇÃO DE MATAR A GAROTA
Familiares da vítima ficaram revoltados com a absolvição do acusado de efetuar o disparo que matou a menina Ágatha Vitória Sales Félix, em setembro de 2009.
Os jurados entenderam que o PM Rodrigo José de Matos Soares não teve intenção de matar a garota. Ágatha tinha 8 anos quando foi atingida por um tiro de fuzil nas costas durante uma incursão policial na Fazendinha, no Complexo do Alemão.
— A única coisa que tenho a dizer é que a Justiça deste pais é lamentável, mas a Justiça de Deus não vai falhar. (Com essa sentença) mataram nossa menina duas vezes — disse Daniele Daniele Lima Félix, tia da menina Ágatha.
FAMILIARES QUEREM RECORRER DA SENTENÇA
Os advogados da família anunciaram que vão recorrer da sentença. Logo após o resultado, a avô de Vanessa, Ayrton Félix se mostrou revoltado com o desfecho.— Pergunta a ela (Vanessa, mãe de Agatha), onde está minha neta. Não está com a gente, está debaixo da terra. Porque o policial deu um tiro nas costas da minha neta. Matou. Aí se espera cinco anos para ver essa decisão? — disse Ayrton.
Ágatha estava em uma kombi com a mãe, quando foi ferida nas costas por estilhaços de uma bala de fuzil. Segundo os moradores, PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local com dois ocupantes. Uma das balas ricocheteou em um poste, atingindo criança.
Na época, a PM informou que, por volta das 22h daquela noite, soldados lotados na UPP Fazendinha foram atacados em várias localidades da comunidade ao mesmo tempo. Os policiais revidaram. Ainda conforme a PM, após a troca de tiros, os policiais receberam a informação de que um morador havia sido baleado.
Com a decisão dos jurados, o juiz da 1ª Vara Criminal do Júri do Rio, Cariel Bezzera Patriota, anunciou a absolvição. E escreveu na sentença:
”Ante o exposto, atendendo à vontade soberana do Egrégio Conselho de Sentença desta comarca, julgo improcedente a acusação e absolvo Rodrigo José de Matos Soares da acusação pela prática do crime previsto no art. 121, §2º, incisos I e IV n/f do art. 73 do Código Penal. Sentença publicada em audiência, estando cientes as partes. Promovam-se as comunicações de estilo, inclusive após trânsito em julgado”, escreveu.
Durante o julgamento, Vanessa Salles Félix, mãe de Ágatha, relembrou os últimos momentos da vida da filha:
“Aconteceu um barulho que parecia uma bomba e ela gritando ‘mãe, mãe, mãe’. Eu falando ‘filha, calma”. E até hoje quando eu chego em casa e tenho aquele sentimento de que algo está faltando”, contou Vanessa.
No julgamento, os PMs que participam da operação sustentaram que a versão de que uma dupla em uma moto passou atirando. O que foi contestado por testemunhas de acusação. No fim do julgamento, parentes da menina protestaram em frente à sede do TJ no Rio.