Jornal Povo

OPERAÇÃO NA MARÉ: TRAFICANTES ARQUITETAM CRIMES PARA REFORÇAR ‘CAIXINHA’ DA FACÇÃO QUE GARANTE COMPRA DE ARMAMENTOS E MUNIÇÕES

Um helicóptero da polícia sobrevoa a Maré — Foto: Reprodução/Maré Vive

TRÊS PRESOS SUSPEITOS DE ROUBOS DE CARROS E CARGAS FORAM PRESOS 

Nesta segunda-feira, a Polícia Civil fez uma operação no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. A ação, no âmbito da Operação Torniquete, visa a cumprir mandados de prisão de suspeitos ligados ao Comando Vermelho (CV) que, de acordo com as investigações, arquitetam e gerenciam uma quadrilha de roubos de veículos e de cargas.

O intuito é financiar a “caixinha” da facção criminosa, o que viabiliza a compra de armamento, munição e o pagamento de uma mesada aos parentes de presos e das lideranças da facção. Moradores relataram troca de tiros em diferentes pontos da Maré. Três pessoas já foram presas. Houve apreensão de munição.

A operação foi escalada pela Polícia Civil, em mais uma etapa da operação Torniquete, que soma mais de 250 presos. A gente atuou hoje no complexo da Maré, que é também um braço operacional e logístico que fomenta todo esse roubo de carga e automóvel no Rio de Janeiro. O quartel-general é a Penha, se auto titulou isso. Já são três presos, um deles, um dos grandes roubadores da região, responsável por corte de veículo, remessa de peça de veículo para outros estados — afirma o delegado André Neves, diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada.

As investigações revelaram que traficantes do CV que agem na Maré, comandados por Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, e Jorge Luís Moura Barbosa, o Alvarenga, estão à frente dos crimes. Eles agem por determinação de bandidos do Complexo da Penha, também na Zona Norte, por meio do traficante Edgar Alves Andrade, o Doca. Após receberem ordens de Doca, o bando da Maré monta o apoio logístico para que os integrantes da quadrilha de assaltantes pratiquem seus delitos em diversos bairros do Rio e da Região Metropolitana.

É investigada toda a cúpula da facção criminosa, não só os que estão no Complexo da Penha, como também no Complexo da Maré. Alvarenga e Motoboy são os responsáveis pelas comunidades Parque União e Nova Holanda e também grandes articuladores de toda essa gama de crimes, esses assaltos que vêm ocorrendo no Rio de Janeiro. A gente está combatendo de forma firme, contundente, atacando o braço financeiro, o braço logístico, os receptadores e os assaltantes — explica Neves.

As investigações revelam, ainda, que nas comunidades onde a quadrilha atua ocorrem os seguintes crimes, todos relacionados a roubos de veículos e de cargas:

  • Armazenamento, transbordo e revenda das cargas roubadas para receptadores
  • Clonagem de veículos para posterior revenda ou troca por armas e drogas
  • Desmanche de veículos para revenda de peças
  • Uso dos veículos roubados pelas quadrilhas para deslocamento e cometimento de outros crimes
  • Cativeiro de vítimas sequestradas para realização de transferências via PIX; entre outros

A ação desta segunda-feira é feita pela Delegacia de Repressão ao Roubo de Furtos de Automóveis (DRFA) e pela Delegacia de Repressão ao Roubo de Cargas (DRFC), com apoio de unidades especializadas, e baseada em dados de investigação e de inteligência.

Além da Civil, a Polícia Militar também atua na região. De acordo com a corporação, agentes do Comando de Operações Especiais, do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas e do 22° BPM (Maré) estão atuando nas comunidades Vila do João, Timbau, Vila Pinheiros e Baixa do Sapateiro. Por causa da operação, duas escolas da rede estadual precisaram ser fechadas na Maré.