EM ABRIL ERAM PELO MENOS 101 BANDIDOS DE FORA NO ESTADO ESCONDIDOS NO RIO
Na manhã desta terça-feira, uma operação deflagrada na Rocinha, na Zona Sul do Rio, procura prender, mais uma vez, traficantes de outros estados que deixam suas terras natais para buscar refúgio em comunidades cariocas. Essa migração de bandidos acontece, na maior parte das vezes, depois que os bandidos têm a prisão decretada. Mas o controle sobre seus redutos permanece, com ordens passadas por meio de outros integrantes das quadrilhas ou de advogados.
Em abril, segundo dados da Subsecretaria de Inteligência (SSI), eram pelo menos 101 bandidos de fora no estado, incluindo a cúpula do Comando Vermelho do Pará, escondidos no Rio. O motivo para esses bandidos do Norte do Brasil procurarem abrigo com cúmplices cariocas seriam ações policiais deflagradas após uma escalada nas mortes de agentes públicos entre 2021 e 2022. Eles já teriam se abrigado nos complexos da Penha, na Zona Norte da capital, ou do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, além do Pará, chefes do CV de outros estados do Norte e também do Nordeste, em especial aqueles onde a organização criminosa é predominante, se encontram em comunidades cariocas. São eles Amazonas, Acre, Rondônia, Ceará, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Além do abrigo, os traficantes forasteiros aprendem com seus cúmplices táticas adotadas pelo Comando Vermelho, entre elas a exigência de pagamento de taxas pelos comerciantes. E há, também, razões financeiras em jogo: o esconderijo nas comunidades do Rio é pago.
Entre as prisões de traficantes de fora feitas no Rio, estão a de Dielson Assunção Filho, detido na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (ele é condenado por tráfico de drogas no Pará) e de Lindemberg Vieira da Silva (apontado como traficante na Paraíba), encontrado no Complexo do Chapadão, na Zona Norte carioca.
EXPANSÃO ANTIGA
Fundado no Rio no fim da década de 1970, o CV, maior facção fluminense, já havia se expandido para outros estados, principalmente os do Norte-Nordeste, há pelo menos dez anos. A partir do momento que esse fluxo começa, ele passa a acontecer em mão dupla.
A criação dos presídios federais, em 2006, foi outro fator que fez com que as facções se expandissem: cada chefe preso mobiliza um grupo de bandidos para a região onde se encontra. E há, ainda, o fato de ser mais fácil um criminoso conhecido passar despercebido em outro estado.