Jornal Povo

OPERAÇÃO REALIZADA PELO MPRJ E POLÍCIA CIVIL BUSCA PRENDER SUSPEITOS PELO ASSASSINATO DE MÉDICOS EM “QUEIMA DE ARQUIVO” NA ZONA OESTE DO RIO


Na manhã desta sexta-feira, uma operação é realizada na Zona Oeste do Rio, para buscar acusados de envolvimento na morte de três médicos de São Paulo que estavam em um quiosque na Barra da Tijuca.

Agentes do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco), do Ministério Público (MPRJ), e da Polícia Civil visam a cumprir cinco mandados de prisão e três de busca e apreensão.

Há equipes na Cidade de Deus e no Presídio Elizabeth Sá Rego, no Complexo de Gericinó. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Capital. Os alvos foram denunciados por três homicídios dolosos e uma tentativa de homicídio, todos quadruplamente qualificados por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa das vítimas, e por uso de arma de calibre restrito.

A operação desta sexta é mais uma etapa da investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) que já dura um ano, segundo a apuração, os assassinos foram mortos pela cúpula do Comando Vermelho (CV) como uma queima de arquivo.

A ação conta com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da DHC. E a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MRJ) atua em apoio aos promotores de Justiça.

HOSPEDADOS EM HOTEL

O crime aconteceu em outubro de 2023. Os ortopedistas Perseu Ribeiro Almeida, Marcos Andrade Corsato, Diego Ralf de Souza Bonfim e Daniel Sonnewend Proença participavam de um congresso internacional de ortopedia e estavam hospedados em um hotel na orla. Eles foram fazer uma confraternização no quiosque.

Perseu foi confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Barbosa. Filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado chefe de uma milícia que agia em Rio das Pedras, também na Zona Oeste, ele era monitorado pelo CV na época dos assassinatos. Taillon tinha um apartamento perto do quiosque onde os médicos estavam. Ele e Perseu eram muito parecidos e, por isso, os investigadores acreditam que algum informante do tráfico confundiu o médico com o paramilitar.

Taillon foi preso com o pai em 31 de outubro de 2023. Ele se tornou alvo do CV porque, conforme os promotores do MP, a facção queria enfraquecer a milícia e fortalecer seu domínio na Grande Jacarepaguá.

As investigações apontam que os envolvidos na execução dos médicos também são suspeitos de participação em outros episódios de violência, todos ligados à disputa por território travada pelo CV. Segundo o MP, o Fiat Pulse branco usado no dia do assassinato no quiosque está vinculado a outros homicídios na Zona Oeste.

O MPRJ denunciou integrantes do CV que sabiam do planejamento para execução, autorizaram o crime ou auxiliaram os executores. São eles, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, chefe do CV no Complexo da Penha; o braço direito dele, Carlos da Costa Neves, o Gardenal; e dois ex-milicianos que se juntaram à facção criminosa: Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW; e Francisco Glauber Costa de Oliveira, o GL, já preso no Complexo de Gericinó.


EXECUTORES MORTOS

A cúpula do CV, quando soube da confusão que resultou na morte dos médicos, determinou a execução dos criminosos que participaram do crime. Quatro dos cinco traficantes morreram horas depois do assassinato: Ryan Nunes de Almeida, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis. Todos foram mortos na comunidade da Chacrinha, também na Zona Oeste.

Apontado como mentor da execução, Philip Motta Pereira, o Lesk, foi assassinado na Gardênia Azul, ainda na Zona Oeste. O corpo foi levado para o Complexo da Penha, na Zona Norte da capital.

EXPANSÃO TERRITORIAL

Segundo o MPRJ, Desde o início de 2023, o Comando Vermelho intensificou as investidas violentas em comunidades em Jacarepaguá e arredores, historicamente dominadas pela milícia. O objetivo seria consolidar um “Complexo de Jacarepaguá” sob o controle da facção, ampliando suas atividades criminosas — além do tráfico de drogas, roubos, extorsão de comerciantes e exploração de serviços clandestinos.

Segundo a denúncia, a expansão foi marcada por execuções brutais de milicianos e supostos aliados, promovidas por um grupo denominado “Equipe Sombra”, especializado em assassinatos direcionados. Esses executores, comandado pelos denunciados, teria apoio direto de chefes do CV.