Jornal Povo

VIOLÊNCIA NO RIO: CLÁUDIO CASTRO DIZ QUE CRIMINOSOS PERDERAM O MEDO DO ESTADO

Governador Cláudio Castro em encontro com jornalistas no Palácio Laranjeiras — Foto: Reprodução

REDUZIR A ‘OSTENSIVIDADE’ NAS FAVELAS, CONSEQUENTEMENTE, ATRAIU BANDIDOS DE FORA TAMBÉM AFIRMOU GOVERNADOR 

Os ataques de criminosos e os homicídios de inocentes na semana passada fizeram com que o governador Cláudio Castro admitisse, numa frase, algo que a população fluminense nunca gostaria de ouvir: “O criminoso perdeu o medo do Estado”.

O criminoso só tem medo de duas coisas: de apodrecer na cadeia ou de morrer, mas o custo disso é a população estar aprisionada dentro de casa. Não morre mais (o criminoso) e não é preso mais; ele perdeu o medo do Estado. Essa é a vida como ela é. Seja de direita, de esquerda ou de centro, o criminoso não tem mais medo do Estado. E quem fica no meio? É a população — afirmou Castro.

Comparando os registros de roubo de carga em novembro de 2023 (222) com o mesmo mês de 2024 (436), houve um aumento de 96%, o que representa uma média de 14 casos por dia. O mesmo ocorreu com o roubo de veículos no período, que cresceu 52%, passando de 2.214 para 3.377. Também foi registrado aumento nos casos de roubo de celulares, com alta de 24%. Em contrapartida, os homicídios tiveram uma redução de 10%.

Ao fazer um balanço de sua gestão, Castro destacou o aumento na apreensão de fuzis, duas armas por dia, e culpou o governo federal pela falta de fiscalização nas fronteiras:

O Rio, este ano, apreendeu mais de 600 fuzis, sendo 90% deles fabricados nos Estados Unidos. Se há recorde de apreensão, é porque há recorde de entrada — alfinetou Castro. — O governo federal quer que a Polícia Federal investigue as mesmas coisas que a Polícia Civil. A gente não precisa de mais uma polícia aqui.

Castro também criticou a ADPF das Favelas (que restringe operações policiais), alegando que ela tem atraído bandidos de outros estados para o Rio:

Eu entendo que não era essa a ideia, mas o efeito colateral da ADPF 635 foi esse. O Rio virou uma espécie de universidade do crime. O governador Caiado (Ronaldo) monitora 60 criminosos de Goiás que estão aqui; o governador do Pará, 70 — afirmou o governador. — Só este ano já foram 175 presos de outros estados — contabilizou.

Na lista de críticas de Castro também entrou a implementação das audiências de custódia, previstas em pactos e tratados internacionais de direitos humanos e em vigor no Brasil desde 2017. Nessas audiências, a pessoa presa é submetida quase de imediato a um juiz, sendo ouvida também pelo Ministério Público, Defensoria Pública ou advogado. As audiências têm como função analisar a legalidade do flagrante e verificar se não houve abuso de autoridade, tortura ou maus-tratos.

O que acontecia antes da audiência de custódia? Aquele criminoso era preso e ficava muito tempo até a audiência normal do caso dele. Hoje em dia, esse criminoso tem audiência no dia seguinte. Há uma orientação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de que crimes com penas menores que 4 anos resultem em liberdade. Ele é preso hoje e, se o crime dele for inferior a isso, ele é solto. Prende-se uma mesma pessoa 15, 20, 30 vezes — avaliou Castro.

Sobre sua política de segurança, o governador ressaltou que o plano é investir. Segundo ele, há uma ideia romântica de que “há um pergaminho perdido” no qual estaria escrito o planejamento.

O plano de segurança é adotar segurança de rua, garantir que o policial tenha um salário digno, o número suficiente de agentes, infraestrutura adequada e investigação eficiente. Nenhum lugar do mundo tem política de segurança. Nos últimos três anos, investimos R$ 4 bilhões em segurança pública — afirmou Castro, citando programas como o Segurança Presente e o Bairro Seguro como exemplos de sua política de segurança.