Jornal Povo

Clínicas da Família e hospitais do Rio entram no segundo dia de paralisação de funcionários

Funcionários da rede municipal de saúde do Rio entram nesta quarta-feira (11) no segundo dia da paralisação em parte das unidades sob gestão da prefeitura.

O movimento, anunciado na segunda-feira (9) em uma carta à população, atinge majoritariamente as Clínicas da Família. Hospitais geridos por Organização Sociais (OSs) também são afetados — caso do Pedro II, em Santa Cruz.

Está marcada para esta tarde, às 14h, uma audiência de conciliação entre a prefeitura e as OSs no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ).

A Justiça também intimou a prefeitura a apresentar as contas de onde possa ser feito o arresto de R$ 325 milhões para quitar os salários atrasados dos 22 mil funcionários das OSs. Até agora não há data ou previsão de quando os pagamentos serão normalizados.

A despeito da audiência desta quarta no TRT, a prefeitura recorreu na terça-feira (10) ao Tribunal Superior do Trabalho.

No ofício, o município pede, “por piedade”, que o TST examine o pedido “com urgência”, admite que a utilização desses recursos está vinculada a despesas previstas em contratos diversos e diz que embora a decisão possa caracterizar quebra contratual, é justificável.

“O único meio de evitar um mal maior nessa situação é causar um mal menor”, diz a peça.

A prefeitura garante que as contas bancárias atingidas pela decisão seriam recompostas com o pagamento da primeira parcela do IPTU de 2020, em fevereiro.

A resposta do TST deve sair até o dia 17.

Também na terça-feira, a prefeitura entrou com uma liminar contra a greve. Segundo o procurador do município, a decisão da maior parte das categorias de mudar a escala de 50% para 30%, seria ilegal. O município pede que se restabeleça a escala de 50% dos trabalhadores.

O Hospital Pedro II, em Santa Cruz, amanheceu vazio nesta quarta. A rampa de acesso à emergência não teve movimento no fim da madrugada e no início da manhã.

Perto dali, a Clínica da Família João Batista Chagas, em Piedade, não tinha aberto até as 7h.

Moradores do bairro se cotizaram para distribuir cestas básicas para os funcionários — alguns estão há três meses sem receber.

No Albert Schweitzer, em Realengo, o movimento na porta estava abaixo do normal na manhã desta quarta. Dentro, pacientes e acompanhantes relatam dificuldades.

“Meu filho quebrou o fêmur no dia 1º, mas até agora não operou. Dizem que o hospital está cheio”, falou uma mãe.

Na Ilha do Governador, a Coordenação Regional de Emergência — entrada do Hospital Evandro Freire —, só atendia a casos graves.

A representante comercial Joselita Rangel disse que o serviço estava superdifícil, mas conseguiu internação. “O caso do meu filho era grave porque tinha suspeita de apendicite. Ele não conseguia nem ficar em pé”, narrou.

Já Luciana Valdevino teve de dar meia-volta. “Falaram que não tinham como atender porque não estavam recebendo salário”, disse.

Nesta quarta, a Coordenação Regional de Emergência do Leblon, que serve como triagem para o Hospital Miguel Couto, não estava atendendo.

A manicure Andreia Gomes tentou sem sucesso atendimento para o filho, de colo, com febre há cinco dias. “Tanto na UPA da Rocinha quanto aqui não tem médico”, disse.

Via: G1