Jornal Povo

Rede estadual de Saúde revela aumento de 45% na procura após crise em unidades da Prefeitura do Rio

Com a crise na rede municipal de saúde do Rio de Janeiro, pacientes estão recorrendo às unidades estaduais e as de outros municípios da Região Metropolitana. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a procura aumentou 45%. Em Duque de Caxias, a prefeitura destaca que também subiu a busca por atendimento.

Os dados divulgados pela SES se referem a um aumento na procura nos meses de novembro e dezembro na capital fluminense. Entre as unidades administradas pelo poder estadual estão 17 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), sendo uma delas dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, que atende a população carcerária, e os hospitais Getúlio Vargas, na Penha, e Carlos Chagas, em Marechal Hermes.

Por causa do aumento na procura, a SES afirma que está reestruturando e treinando as equipes para lidar com mais pacientes do que o habitual. Mesmo assim, o órgão alerta que deve ocorrer aumento na espera por atendimento.

De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, o governador Wilson Witzel montou um gabinete de crise para acompanhar os problemas na saúde do município. Segundo ela, uma das preocupações é que a crise se agrave caso não seja resolvida antes do Natal e Ano Novo, datas em que os atendimentos geralmente aumentam, gerando uma sobrecarga no sistema.

Segundo o Governo do RJ, os poderes estadual e municipal assinaram no último dia 19 dois convênios para investimentos na saúde. Crivella e Witzel já tiveram divergências sobre a administração dos hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria. Atualmente os dois fazem parte da rede municipal e estão sob o comando de organizações sociais (OSs).

No começo de outubro, o prefeito Marcelo Crivella chegou a anunciar que iria devolver as unidades para o comando do estado por conta de descumprimento de cláusulas de repasses financeiros. Os dois hospitais foram municipalizados em 2016, quando o governo estadual passava por uma grave crise.

Segundo a SES, um dos acordos estipula um repasse de R$ 60 milhões para melhorias em unidades municipais. O segundo prevê um repasse de R$ 6 milhões mensais para ajudar no custeio dos dois hospitais. O acordo vale pelos próximos dois anos. De acordo com o Governo do RJ, R$ 42 milhões já foram repassados, incluindo valores retroativos e o pagamento pelos meses de novembro e dezembro.

Em entrevista ao G1, o prefeito de Duque de Caxias Washington Reis afirmou que as unidades de saúde do município, na Baixada Fluminense, registraram aumento na procura de pacientes vindos do Rio de Janeiro.

Segundo a administração municipal, o crescimento foi de 35% no número de atendimentos de pacientes vindos da capital. Os dados se referem ao Hospital Moacyr do Carmo, o Hospital Infantil Ismélia da Silveira e dez UPAs 24 horas da cidade. Segundo o prefeito, a situação exige atenção.

“Eu fiz uma programação com esse aperto todo. Estamos com os pagamentos em dia, mas eu estou preocupado, pois o custo triplica da noite para o dia e gente não tem orçamento. Acendeu uma luz vermelha aqui”, destacou Reis.

Segundo ele, a cidade deve pedir mais recursos em uma audiência com o governador Wilson Witzel na próxima segunda-feira (16) e solicitou uma audiência com o presidente Jair Bolsonaro.

Questionada pela reportagem, as prefeituras de Nova Iguaçu e São Gonçalo informaram que não registraram aumento no número de atendimentos.

O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro decidiu em assembleia na tarde desta quarta (11) pela manutenção da greve pelas próximas 24 horas.

A decisão veio mesmo depois do prefeito Marcelo Crivella anunciar, em Brasília, por meio de uma rede social, que iria realizar os pagamentos nesta quinta (12). Crivella não explicou, no entanto, de onde viria o dinheiro.

No TRT, o desembargador Cesar Marques Carvalho informou, em audiência de conciliação nesta quarta-feira (11), que vai determinar o bloqueio de todas as contas da administração direta da Prefeitura do Rio, mas uma nova audiência foi designada para a quinta-feira (12), às 14h30, para saber se o arresto será mantido integralmente ou se parte será suspensa caso ocorra alguma entrada de verba federal.

Por conta da falta de posicionamento definitivo, os médicos decidiram pela manutenção da greve.

Via: G1