Jornal Povo

Rio tem 56 linhas de ônibus fantasmas

Do ponto final da linha 928 (Marechal Hermes-Ramos), só sobrou a placa e a cabine do despachante. Aos olhos da prefeitura, o serviço funciona de forma regular, como consta no site da Secretaria municipal de Transportes. Na vida real, quem depende do transporte público para fazer esse trajeto está a ver navios desde maio do ano passado, quando a empresa Translitoral, que operava no itinerário, encerrou as atividades. Caso semelhante ocorreu com a Troncal 8 (Cosme Velho-Rodoviária). Embora devesse ter 25 veículos circulando, ela se tornou uma linha fantasma desde que empresa Estrela Azul fechou as portas, em fevereiro deste ano.

Levantamento com base em monitoramento por GPS da frota de ônibus do Rio mostra que pelo menos 56 linhas, que constam como ativas no cadastro da prefeitura, estão inoperantes. A falha acontece nos quatro consórcios: são 12 linhas do Internorte, 11 do Intersul, 17 do Santa Cruz e 16 do Transcarioca. Considerando a frota obrigatória para cada linha, são 472 ônibus a menos circulando nas ruas, o equivalente a 7% da frota atual, que é de 6.852 ônibus, segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR).

A inoperância de linhas levou o Ministério Público a ajuizar uma ação civil pública contra a prefeitura e os consórcios, em março, pedindo a anulação do atual contrato entre prefeitura e empresas de ônibus. Segundo Terra, dos cerca de 8.100 coletivos que deveriam estar circulando, só cerca de 5.700 estariam nas ruas, com base nos dados de GPS fornecidos pelas empresas.

Sindicato diz que empresas faliram

Em nota, o Rio Ônibus respondeu que “cumpre estritamente a determinação da SMTR em relação a operação de linhas”. O sindicato que representa as empresas diz que as linhas mencionadas pelo EXTRA reportagem pertenciam às 14 empresas que faliram nos últimos anos, “por conta da maior crise que o setor atravessa”.

As empresas de coletivos também alegam concorrência desleal com as vans clandestinas que fazem o mesmo trajeto cobrando valores mais baratos do que a tarifa de ônibus.

“Apesar de todas as dificuldades para a manutenção da operação, os consórcios acionaram planos de contingenciamento para repor as linhas que ficaram desassistidas. O Rio Ônibus também ressalta que outras tantas eram linhas sobrepostas e que foram otimizadas com o devido estudo e autorização da SMTR”, concluiu o Rio Ônibus.