Jornal Povo

Presidente da Cedae pede desculpas e promete que gosto e cheiro da água começam a ser normalizados até semana que vem

A diretoria e o corpo técnico da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) afirmaram, durante coletiva na manhã desta quarta-feira (15), que a água captada e distribuída pela companhia à população fluminense não oferece riscos à saúde e garantiu que na próxima semana a água que chega às caixas d’água voltará ao normal

A percepção da melhora na torneira, porém, vai variar de acordo com o tamanho dos reservatórios.

Segundo o gerente de controle de qualidade da água, Sérgio Marques, a água que sai do Guandu tem condições de potabilidade. “Os resultados mostram a presença da geosmina, em concentração suficiente para mudar o gosto. Há informações que estão disponíveis no site. Não existe risco em função do gosto da água que estamos observando”, garantiu.

O presidente da companhia, Hélio Cabral, pediu desculpas à população pelos transtornos e afirmou que a presença da geosmina, um tipo de alga, foi detectada na sexta-feira (10) e a empresa fez a compra do carvão ativado. “A gente conseguiu diagnosticar e prognosticar e iniciar o processo de implantação”, alegou Cabral, destacando que a água fica com gosto e cheiro de terra, mas não faz mal à saúde.

De acordo com ele, na próxima semana a água proveniente do Guandu não terá mais a presença da geosmina. “No Guandu, na semana que vem, com certeza a gente tem água saindo sem geosmina”, destacou.

No entanto, os reservatórios residenciais de mais seis mil litros podem ficar por “bastante tempo” com a presença de geosmina, mesmo depois da solução do problema no reservatório de Guandu.

“Na hora que a água sai do Guandu, em menos de 24 horas os reservatórios vão ter sua água trocada. Se a água está suja, num reservatório de seis mil litros, vai ficar por bastante tempo”, explicou.

Sérgio Marques também negou a responsabilidade da Cedae em relação à água de coloração escura encontrada em locais como o Complexo do Alemão, na Zona Norte.

“Não detectamos mudanças de cor e fluidez. Recebemos reclamação de clientes, e nem na casa de quem estava reclamando, na entrada do sistema, a gente detectou isso”, afirmou.

Desde o início do ano, a população tem reclamado de gosto e coloração na água. “A gente intensificou o número de análises. Análises de substâncias que também podem ser produzidas por algas a gente tem feito de forma diária e preventiva, na água tratada. Nenhum desses resultados apresentou qualquer indício de contaminação”, garantiu Marques.

O presidente da Cedae também afirmou que foram detectados equipamentos bastante antigos no Guandu. “Apesar de Guandu estar produzindo água de qualidade, a gente entendeu que precisava fazer uma modernização. Em dois ou três anos teremos um Guandu moderno e atualizado”, explicou Cabral, ressaltando que estão previstos investimentos de R$ 713 milhões pela companhia até 2022.

Segundo ele, a empresa deve contar ainda com outros recursos. “Um outro investimento que a gente vai fazer é uma planta piloto. Quando isso acontece, você faz testes antes de colocar na planta operacional. Permite a você aprimorar o controle de qualidade, trocar um produto químico por outro”.

Questionado se ele mesmo não tem restrição ao uso da água turva e de coloração escura, o presidente foi enfático: “A água que sai da minha torneira eu bebo”.

De acordo com Cabral, não houve demora da companhia para reagir ao problema da água e comunicar à população. “Nós tivemos acesso a essa informação no dia 6, iniciamos a apuração das causas e tentamos fazer o diagnóstico mais preciso possível. Antes de ir a público, nós procuramos analisar com cuidado”, destacou Cabral, lembrando que na sexta-feira (10) deu a ordem de compra do carvão ativado.

Nesta terça (14), a Cedae exonerou o chefe da estação do Guandu, mas a equipe técnica de controle de qualidade não foi alterada, segundo Sérgio. “A rotina analítica do laboratório continua a mesma. Não houve redução no número de amostras ou do número de análises. A gente coleta 2,3 mil amostras mensalmente”.

Em relação ao carvão ativado, Hélio Cabral disse que a ordem de compra do produto para resolver o problema da geosmina na água foi feita na sexta feira passada. Segundo ele, isso não irá aumentar o custo da conta de água para o consumidor.

“Estamos colocando a carreta amanhã na Dutra. Demora dois dias, um dia e meio para chegar. A montagem está prevista para semana que vem e prometeram que isso estaria instalado na semana que vem. Não posso afirmar que vá ser segunda-feira. É a maior empresa fornecedora do Brasil (Petronova), e foi feito um preço compatível, não chega a R$ 1 milhão o equipamento. Chega a R$ 2 milhões se usarmos trinta dias durante um mês. E não vai significar nenhum ônus para o consumidor”, explicou Cabral.

Ele acrescentou que será feito um estoque definitivo de carvão ativado para situações semelhantes à que está ocorrendo no Rio. “A geosmina vai acontecer. Pode ser daqui a três meses, daqui a um ano. Mas a gente vai estar sempre preparado para não acontecer mais a água com cheiro de terra ou gosto de terra”, afirmou Cabral.

Cabral disse ainda que o depósito permanente de carvão ativado funcionará como um “seguro” contra a geosmina.

“Vamos deixar Guandu preparado para que não ocorra mais água com gosto de terra e cheiro de terra. Com os equipamentos instalados e o carvão ativado, isso não ocorre mais”, finalizou o presidente da Cedae”.

Participaram da coletiva o presidente da companhia, Hélio Cabral; o diretor de saneamento e grande operação da Cedae , Marcos Chimelli; gerente de controle de qualidade de água, Sérgio Marques; e Pedro Ortolano, gerente Guandu-Lameirão.

Na noite de terça-feira (14), a Cedae exonerou o chefe da Estação de Tratamento de Água Guandu, Júlio César Antunes, após a crise no abastecimento de água do Rio de Janeiro chegar ao seu 12º dia.

Segundo o presidente da empresa, Antunes vai continuar trabalhando na empresa, mas como assessor. A decisão ocorreu no mesmo dia em que o governador do estado, Wilson Witzel (PSC), fez duras críticas ao fornecimento de água no RJ.

Witzel disse que são “inadmissíveis os transtornos que a população vem sofrendo por causa do problema na água fornecida pela Cedae”.

Via: G1