Jornal Povo

Moradores começam a sair de prédios da Muzema, na Zona Oeste, para nova avaliação da Prefeitura do Rio

Depois de muita conversa com representantes da Prefeitura do Rio, moradores de seis prédios da Condomínio da Figueira, na Muzema, na Zona Oeste do Rio, começaram a desocupar os apartamentos no meio da manhã desta terça-feira (21). Os imóveis precisam ser esvaziados para que seja feita uma nova avaliação da estrutura.

Caminhões da Comlurb entraram no condomínio para retirar móveis de algumas famílias, que vão ser levados para um depósito da prefeitura, até que a decisão final sobre os seis prédios seja tomada.

A prefeitura já tinha obtido autorização na Justiça para demolir os seis prédios irregulares. Mas fez um acordo com moradores para fazer novos testes na estrutura. Só que era necessário que eles estivessem totalmente vazios.

Moradores seguravam faixas, enquanto funcionários da prefeitura entravam no condomínio para fiscalizar os prédios. Quem mora nesses imóveis recebeu o prazo até esta terça-feira para esvaziar os apartamentos.

A prefeitura diz que vai fazer testes estruturais nas unidades para definir se os moradores vão poder voltar para os imóveis ou se eles vão ser realmente demolidos. E afirma que o laudo deve ficar pronto até o fim de janeiro.

“Isso aqui não foi construído da noite para o dia, o poder público sempre viu. A prefeitura chegou aqui hoje falando, né, dessa empresa que vinha aqui fazer o laudo, vem com essa tropa de choque toda. A gente não está impedindo eles entrar, a gente só quer nossa paz, a gente quer a verdade”, disse a cabeleireira Isabel Trajano.

A prefeitura diz que, se o laudo apontar a necessidade de demolir os prédios, vai avaliar o perfil das famílias, para ver se vai oferecer um auxílio habitacional temporário.

Enquanto isso, moradores falam que a prefeitura não deu nenhuma opção de moradia para eles, até que o estudo fique pronto.

“Nem para aonde ir eu tenho ainda. Não tirei nada ainda porque não tenho para aonde ir”, disse a dona de casa Jéssica Araújo.

Nesse condomínio 24 pessoas morreram, no ano passado, depois que dois prédios desabaram. A Polícia Civil afirma que os edifícios foram construídos pela milícia que atua na região.

Mesmo sem o resultado do laudo, no último dia 10, a prefeitura publicou no Diário Oficial um edital de licitação para contratar uma empresa de demolição. O edital aponta um custo estimado de R$ 3,295 milhões para o serviço.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação diz que antecipou o edital porque o processo licitatório tem várias etapas e que o objetivo era acelerar os procedimentos, caso seja preciso fazer a demolição.

Para os moradores que dizem que não têm para onde ir, a secretaria disse que, como não há desocupação definitiva, não existe uma alternativa legal para liberar auxílio em forma de dinheiro. E não respondeu se foi oferecida alguma outra opção de assistência de moradia.

A prefeitura acrescentou que a Justiça autorizou as demolições no local em julho do ano passado e que mais de 90% das famílias já deixaram o condomínio.

Via: G1