Na semana que antecedeu a chuva que destruiu parte da Zona Oeste do Rio e deixou, no município, três mortos, o prefeito Marcelo Crivella remanejou verbas previstas para contenção de encostas e para drenagem. O carnaval foi um dos destinos do dinheiro — cerca de R$ 14 milhões.
Três decretos de Crivella com as movimentações orçamentárias foram publicados no Diário Oficial do Município de quinta (27) e sexta-feira (28).
O temporal desabou na noite de sábado (29) e continuou por todo o domingo (1º). Realengo e Taquara foram os bairros mais afetados.
O que determinam os decretos
O remanejamento cancelou três serviços da Georio.
- Na quinta (27), R$ 4 milhões inicialmente destinados para obras de contenção foram para a Riotur;
- Na sexta (28), mais R$ 4 milhões, previstos para drenagem e pavimentação, foram para o Cimento Social;
- Também na sexta, R$ 6 milhões, reservados para conservação de viadutos, foram para a Casa Civil.
O PRIMEIRO DECRETO
No DO de quinta (27 ), Crivella retirou R$ 3,98 milhões da Georio aprovados para obras e instalações para “estabilização geotécnica”.
Esse valor foi repassado para a Riotur para, entre outros, “projeto carnaval”, “desfile da passarela” e “evento na Cinelândia”.
O SEGUNDO DECRETO
No Diário Oficial de sexta (28), foi aberto crédito suplementar de R$ 4.086.282,16 para o Cimento Social.
O programa contempla a “construção, reforma e realocação de moradias populares em comunidades carentes ou em áreas de risco”.
O TERCEIRO DECRETO
No mesmo dia, R$ 8 milhões, sendo R$ 6 milhões da Georio, foram transferidos para a Casa Civil.
A verba vai reforçar o caixa de obras e a “participação no capital da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro”.
CPI cita ‘cortes irresponsáveis’
A CPI das Enchentes foi aberta por causa da contratação de empresas após as fortes chuvas que caíram em fevereiro de 2019, que mataram sete pessoas.
O relatório final pediu o indiciamento do prefeito Marcelo Crivella e de secretários municipais.
Os vereadores afirmam que, desde 2017, a prefeitura não atualiza planos de chuvas e fez “cortes orçamentários irresponsáveis”.
O documento também citou a falta de integração entre órgãos e indícios de formação de cartel nos contratos das obras de emergência.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura do Rio afirmou que não houve perdas de recursos para a Georio.
“Um novo decreto será publicado, reincorporando os valores”, emendou.
Via: G1