O secretário estadual de Sáude, Edmar Santos, admitiu ao RJ1 desta sexta-feira (3) que o número de casos de coronavírus no estado pode ser dez vezes maior do que os 992 confirmados oficialmente pela pasta.
Os casos subnotificados seriam, segundo ele, de 60% ou 70% deles de pessoas assintomáticas. Com isso, o estado teria pouco menos de 10 mil pessoas infectadas pela doença.
No Rio, apenas casos graves têm sido testados. Esse número de casos não confirmados, disse ele, é comum em outros países, mas a subnotificação deve diminuir na semana que vem com o início da testagem em massa.
“Provavelmente deve ter dez vezes mais casos do que a gente está vendo, 60% ou 70% de pessoas assintomáticas”, disse.
A subnotificação, avalia Edmar, não estaria ocorrendo para os casos de obitos. “Mortos e casos graves a gente tem monitorado de perto”.
Questionado sobre quando a curva de crescimento da doença deve estagnar, ele estimou duas semanas.
“Daqui para 15 dias a gente deve ter a horizontalização da curva. Isso só é possível com isolamento social, lembrando que a capital é onde tem 80% dos casos e só fez o isolamento há uma semana. Precisamos de 15 dias (de isolamento) para ver o achatamento da curva”
Com a testagem em massa e mais de 50 casos a serem confirmados, o secretário admite que o número pode crescer na próxima semana. Ainda assim, ele aposta que a curva vai parar de crescer.
Fim da quarentena
Edmar Santos não deu um prazo para o fim da quarentena. Ele diz que o isolamento social é importante e seria leviano estimar um dia para que as pessoas possam voltar a sair às ruas normalmente.
“Não (tem prazo), seria leviano da minha parte falar. A testagem em larga escala e o inquérito epidemiológico vão nos dar informações importantes pra isso. Temos essas duas semanas, vamos ter como falar a partir daí”, ressaltou
“Mas, minimamente, a maioria dos países tem visto que menos de 2 meses (de isolamento social) não dá pra fazer”.
Retomada do comércio
O secretário reforçou que a avaliação de técnicos da Saúde em todo mundo – como a Organização Mundial da Saúde – e do próprio ministro da área, Luiz Henrique Mandetta, é pelo isolamento social.
Não há, segundo Edmar Santos, possibilidade de reabrir o comércio na semana que vem, como deseja o presidente Jair Bolsonaro.
“Nem no Rio, nem no Brasil. São palavras do próprio ministro. A gente está fazendo o certo no Rio, é ficar no isolamento”.
Edmar Santos também manifestou preocupação com a corrida por produtos da área de saúde em todo o mundo, o que provoca escassez. Por isso, a melhor arma contra a doença é ficar em casa.
“O mundo inteiro já comprou equipamentos, EPIs, o ministro admitiu essa dificuldade. Contratos foram rompidos para mandar produtos para os Estados Unidos ou para a Europa (que pagaram mais caro do que o contrato original). Já vamos ter uma preparação (da rede de saúde) mais lenta, o isolamento social é a principal arma”, disse o secretário.
Ele também pediu para que a população dê ouvidos aos especialistas da área.
“Faço esse apelo que essas idas e vindas de algumas autoridades do país não confundam vocês. Fique em casa, é isso o que vai salvar vidas”.
Fonte: G1