O vereador e ex-presidente da câmara municipal de Belford Roxo, Márcio Cardoso Pagniez, o Marcinho Bombeiro, testou positivo para o Covid-19. O parlamentar está preso desde outubro do ano passado, acusado de chefiar uma milícia e também de ser mandante de dois homicídios na cidade da Baixada Fluminense. Márcio, de 51 anos, é terceiro-sargento do Corpo de Bombeiros e está detido no Grupamento Especial Prisional da corporação, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. O advogado do vereador, Flávio Fernandes, entrou com um pedido na Justiça para que o cliente fique em prisão domiciliar, mas ainda não houve decisão para o requerimento.
Márcio começou a ter sintomas de gripe no fim do mês passado. No dia 27 de março, ele teve piora no quadro, com fortes dores de cabeça, e solicitou atendimento médico. O bombeiro foi levado para o Hospital Central Aristarcho Pessoa, no Rio Comprido. Lá, recebeu atendimento e fez o teste para saber se estava com Covid-19.
O advogado Flávio Fernandes relata que ao longo da última semana esteve três vezes na unidade de saúde, que pertence ao Corpo de Bombeiros, para ter informações sobre o o exame. No entanto, foi informado de que o resultado ainda não havia saído. No último domingo, a família de Márcio soube do diagnóstico pela secretaria municipal de Saúde de Belford Roxo, que foi notificada sobre o exame.
– Na manhã do dia 6, estive logo cedo na unidade prisional e, pasme, fui eu que levei a notícia. Os guardas sequer sabiam que o Márcio havia testado positivo – relata o advogado.
Flávio Fernandes entrou com o pedido de prisão domiciliar para Márcio na última segunda-feira. O advogado argumenta que a própria secretaria estadual de Saúde do Rio, Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde recomendam o isolamento domiciliar para quem testar positivo para a Covid-19. Ele alega que o isolamento ao qual Márcio foi submetido na unidade prisional, desde que começou a ter os sintomas, é “fajuto” e não ocorre da forma correta. Fernandes afirma ainda que outros dois bombeiros presos também testaram positivo após o resultado de seu cliente. A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, no entanto, afirma que apenas mais um preso testou positivo.
– A necessidade do confinamento e da prisão domiciliar (para quem testar positivo) é recomendação da própria Organização Mundial de Saúde. O Irã, que é um regime duro, altamente conservador, libertou mais de 90 mil presos. Outros países do mundo também (liberaram). E eram presos que não estavam doentes, apenas para evitar a proliferação do vírus e mortes. Mas, nesse caso, eles já estão doentes. Primeiro, foi o Márcio e depois, mais dois – afirma o advogado.
Procurada, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que “seguindo os protocolos internacionais para o tratamento do Covid-19, após os primeiros sintomas, o acautelado (Marcio) foi testado e colocado em isolamento por 14 dias”. A assessoria informou ainda que o bombeiro ficou em cela individual, sem contato com outros presos, com equipamentos de proteção individual e sob constante observação médica, não voltando a apresentar sinais/sintomas.
Ainda de acordo com a assessoria, o resultado oficial do exame de Márcio foi liberado no último domingo e a comunicação ao preso ocorreu na segunda-feira pela manhã.
Marcinho Bombeiro foi preso no dia 22 de outubro do ano passado por policiais da 54ª DP (Belford Roxo) e da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Ele foi denunciado pelo Ministério Público estadual por ter sido o mandante de dois homicídios ocorridos em 2017. O veredor é acusado de ser o mandante das mortes de Bruno de Paula Silva e Lucas Patrick da Silva Gomes, que eram usuários de drogas. Segundo a denúncia, o parlamentar e os três comparsas faziam parte de uma milícia que atuava em Belford Roxo e já tinham feito ameaças de morte contra as vítimas.
Marcinho também foi acusado de tentar matar três homens em outubro do ano passado. De acordo com outra denúncia do Ministério Público estadual do Rio, uma das vítimas era irmão de um dos rapazes mortos em 2017.
Fonte: Jornal Extra