A técnica de enfermagem Daniele Costa, de 41 anos, é mais uma vítima fatal do novo coronavírus (covid-19). A profissional de saúde trabalhava na UPA de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e morreu nesta segunda-feira, no Hospital Estadual Zilda Arns, em Volta Redonda, no Sul do estado.
De acordo com relatos que fez em seu Facebook, Daniele disse que no último dia 14 começou a ter um tosse seca, mas imaginou que fosse um processo alérgico. Na ocasião, ela usou de loratadina e “houve uma melhora”.
A tosse seguiu pelo dia seguinte, quando sua temperatura corporal chegou aos 38,8ºC e passou a tomar tomou um antitérmico, dizendo ter se sentido bem.
No dia 16, a profissional acordou disposta, mas, a pedido do namorado, foi à UPA de Austin, onde fez um raio-x e exame de sangue, inclusive para detecção da covid-19, que teriam tido resultados normais.
Horas depois, ela começou a ficar muito cansada, ter uma forte dor de cabeça e novamente febre alta. Foi quando procurou o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse).
“O médico solicitou a TC (tomografia computadorizada) e lá estava, esse vírus miserável”, ela escreveu. “Mas maior que esse vírus é o Deus que eu sirvo. E sei que ele não vai me derrotar. Eu ainda darei um culto de ação de graças pela minha recuperação e a recuperação dos meus amigos. Cada dia é uma batalha e em Jesus vou vencendo. Estou baixando a guarda, mas voltarei mais forte”.
A técnica de enfermagem foi afastada de suas funções e na quarta-feira da semana passada foi internada na UPA e entrou no sistema de regulação estadual para uma transferência. Na sexta, ela foi levada ao Zilda Arns, mas seu estado de saúde piorou, até sua morte, anteontem.
VÍDEO NO FACEBOOK
Dois dias depois de ser diagnosticada com a doença, Daniela fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook contando que quando procurou o Hospital da Posse teve “vários aborrecimentos” (assista ao vídeo mais abaixo).
“Peguei uma equipe péssima. Péssima de verdade. A técnica de enfermagem foi a que me atendeu melhor. Uma enfermeira que não sabia classificar (os pacientes). Eu fiquei mais de uma hora para passar pela classificação de risco. Não tinha tantos pacientes assim, para que demorasse tanto. Foi uma experiência muito ruim”, disse.
Ainda no vídeo, bastante emocionada, a técnica de enfermagem fez um apelo para que as pessoas ficassem em casa.
“Se cuidem, bebam bastante líquido, cuidem da imunidade de vocês. Meus amigos que trabalhem na área de saúde, lutem pelos EPIs (equipamentos de proteção individual). Eu estava trabalhando, estava me precavendo e está aí o resultado”, afirmou.
QUASE 100 PROFISSIONAIS AFASTADOS
Procurada pelo Meia, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que quando Daniele procurou o Hospital da Posse, não havia ainda a necessidade da internação dela e que ela foi orientada a ficar em isolamento domiciliar.
Sobre a situação da saúde na cidade, o município alega que Nova Iguaçu vive um “cenário atípico” por causa da pandemia, “uma vez que os atendimentos usuais de urgência e emergência (baleados, esfaqueados, acidentados e etc) continuam chegando de toda à Baixada Fluminense”.
A prefeitura avisou ainda ainda que o Hospital da Posse tem 95 profissionais afastados com suspeita ou confirmação do novo coronavírus, 36 deles sendo médicos.
“Devido às licenças, o hospital vem reorganizando o fluxo de trabalho e fazendo as substituições necessárias no quadro de funcionários. Todos os plantões estão com o número de funcionários, inclusive médicos, completos. A unidade conta com 40 leitos exclusivos para receber pacientes com sintomas da covid-19, porém, todos estão ocupados”, acrescentou.
Fonte: Meia Hora