Jornal Povo

Funcionários do Hospital do RioCentro alertam que a ocupação de vagas para Covid-19 voltou aos mesmos patamares do pico da pandemia

Funcionários do Hospital de Campanha do RioCentro alertam que a ocupação de vagas voltou aos mesmos patamares do pico da pandemia. Segundo o boletim mais recente da Secretaria de Estado de Saúde do Rio, a fila por um leito de Covid-19 no Estado do Rio já tem 358 pacientes – desses, 151 aguardam por um lugar em Centros de Terapia Intensiva (CTI).

Um deles é Carlos Alberto Correia de Lima. Com 65 anos, ele está internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rocha Miranda, Zona Norte do Rio.

“Consegui um laudo para o meu pai, informando que ele estava em estado grave e precisando de tratamento com maiores recursos. Entrei em contato com a Defensoria Pública e conseguimos uma ordem judicial determinando transferência imediata para uma unidade com maior estrutura”, a filha de Carlos, Carla Lima.

As vagas para Covid-19 na rede pública estão acabando – inclusive em unidades especializadas no combate ao novo coronavírus.

Imagens gravadas na sexta-feira (27) no hospital do Riocentro mostram os leitos ocupados e muitos pacientes entubados.

Segundo especialistas, o quadro é crítico e os números mostram que a situação vem se agravando.

“Nós sabíamos que os casos iriam recrudescer quando acontecesse essas abertura, como aconteceu nos países europeus. Não houve um planejamento para uma real demanda de casos – tanto na rede assistencial ambulatorial quanto na rede hospitalar”, afirmou a pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margareth Dalcomo.

A taxa de ocupação de CTIs para Covid-19 nos hospitais municipais, estaduais e federais no Rio é de 93%.Entre os leitos de enfermaria, 70% estão ocupados.

Funcionários dizem que a situação poderia estar melhor se leitos fosse reabertos.

O sistema do censo hospitalar mostra que 1.755 vagas estão impedidas neste momento em todas as unidades da capital. Há leitos de CTI prontos para serem utilizados no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Oeste da cidade.

Enquanto isso, Carla vê a saúde do pai piorar enquanto as horas passam.

“A ordem judicial está aqui, mas não é cumprida. Ele tem 65 anos, é hipertenso, diabético e está em estado grave, precisando dessa transferência urgentemente”, finalizou Carla.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que Carlos Alberto será transferido ainda neste sábado (28) para o Hospital Pedro II.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio afirmou que o Hospital de Campanha do Riocentro tem 300 leitos ativos. Até a manhã deste sábado, tinha 174 pacientes internados e outros 37 em processo de transferência.

Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os outros leitos estão disponíveis.

Sobre as 1.755 vagas impedidas, a Prefeitura do Rio informou que desativou 300 leitos para retomar cirurgias eletivas e que o restante pertence a unidades estaduais e federais.

Fonte: G1