Jornal Povo

Beija-Flor de Nilópolis agora é Patrimônio Imaterial e Cultural do estado do Rio

Projeto de lei foi sancionado pelo governador cláudio castro e publicado no Diário Oficial desta sexta (8)

A porta-bandeira Selminha Sorriso é um dos símbolos da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis que passa a ser reconhecida como Patrimônio Imaterial e Cultural do Rio Eduardo Hollanda

Rio – O Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis tem mais um título para chamar de seu. Além de ser a terceira maior campeã do Carnaval carioca, agora a agremiação será reconhecida como Patrimônio Imaterial e Cultural do Estado do Rio de Janeiro. O projeto de lei de autoria do deputado Charlles Batista (PL), aprovado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no fim do mês passado (30), foi sancionado na quinta-feira (7) pelo governador Cláudio Castro e publicado no Diário Oficial nesta sexta (8).

Com 14 conquistas no Carnaval, a escola de Nilópolis é sinônimo de tradição e trará ao Sambódromo o enredo ‘Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor’.

Para o governador Cláudio Castro, a Beija-flor já é um patrimônio do Carnaval e do Rio de Janeiro. “A lei, na verdade, só oficializa e reconhece, com louvor e muito merecimento, a relevância dessa escola que tanto move os nilopolitanos e encanta todos que vão à Sapucaí ver os desfiles das agremiações”, declarou Castro.

Almir Reis, presidente da Azul e Branca, comemorou a homenagem. “Este título coroa nossa luta e nos deixa eternamente agradecidos”, disse. Selminha Sorriso, porta-bandeira da escola há 27 anos, acumula títulos e é uma das figuras marcantes nos desfiles da Beija-Flor, endossou o coro. “É uma conquista imensurável. É uma honra poder fazer parte da Beija-Flor e poder vivenciar momentos como este, onde a escola que já está no nosso coração, no coração do Rio, ser considerada Patrimônio Imaterial e Cultural, não tem preço. Samba é resistência, é a cultura negra, é a nossa história”.

Vitor Hugo Franco, professor, doutorando em História na Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre a importância que o título representa não só para o samba como para a história da cultura afrodescendente no Rio.

“É um grande reconhecimento para a cultura negra do estado do Rio. As escolas de samba cumprem um papel social muito forte de uma cultura que já foi perseguida, desacreditada e vista como algo menor e ter esse reconhecimento é muito significativo para quem participa dos desfiles, faz parte da escola e honra os antepassados que lutaram para que o samba fosse reconhecido. O direito à diversão e às festas sempre foi cerceado culturalmente ou visto com maus olhos desde o período da escravidão e pós-abolição. Para a comunidade negra é uma forma de celebrar e respeitar o quanto há de colaboração para história do país”, ressaltou Vitor.