O irmão da estudante de pedagogia Ayend Hammad — que teria sido morta após agressões por parte do marido, Samy Foaud Hammad, na tarde da última sexta-feira (29) — disse que o cunhado nunca se mostrou violento antes, e que Ayend não acreditava que ele pudesse fazer mal a ela. Neste sábado, enquanto estava no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo da irmã, o autônomo William Nascimento tinha um dente que teria sido arrancado da vítima.
Samy é acusado de matar a própria mulher em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. Ele foi preso neste sábado por policiais civis da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), com o apoio de agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). Samy foi capturado em um hotel, no Centro de Petrópolis, na Região Serrana, para onde havia fugido após o assassinato.

— Infelizmente perdi minha irmã numa atrocidade de um cara que nunca se mostrou violento. E ele simplesmente assassinou minha irmã, inclusive, olha tamanha violência. Ele arrancou um dente da minha irmã. Não sei como. Felizmente ele está preso já. Graças a Deus por isso. Ele tem que pagar por isso que ele fez — disse William mostrando um dente na mão.

Ayend Cristine Nascimento Hamad foi encontrada morta por agentes da 20ª DP (Vila Isabel), no apartamento em que morava, com o rosto desfigurado por agressões e sinais de estrangulamento. Os policiais foram comunicados do fato por dois colegas do autor, que receberam mensagem dele afirmando ter matado a esposa.
A DHC foi acionada imediatamente e iniciou as buscas para localizar o criminoso. Ao ser abordado, de acordo com a polícia, ele não ofereceu resistência. O autor está sendo encaminhado à unidade especializada para os procedimentos de praxe.
O irmão lembrou de uma conversa entre Ayend e sua cunhada sobre procedimentos do divórcio há cerca de duas semanas, em que ele e sua esposa a orientaram a “ter cuidado” com Samy:
— Minha esposa relatou em conversa com minha irmã que sentia que ele era um cara frio e calculista, mas minha irmã dizia: “ele não será capaz de fazer isso comigo”. Passa um filme na cabeça. Essa conversa deve ter uns 15 dias. A gente dizia que ele iria querer tirar a guarda dos filhos dela, que era para ter cuidado com ele, e ela dizia: “ele não é capaz disso. Ele não vai fazer isso comigo”, foram as palavras dela — lembra William.
Ela deu entrada no processo de divórcio há cerca de um mês, segundo o irmão.

Samy Foaud Hammad trabalha no setor administrativo do Hospital Municipal Jesus, também em Vila Isabel, mas não apareceu no serviço nesta sexta-feira. Segundo colegas de trabalho contaram à polícia, o homem chegou a enviar mensagens para eles assumindo que tinha matado a mulher e que pretendia sumir após o crime. Os colegas procuraram a delegacia, os agentes foram ao local e encontraram a vítima morta.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 6º BPM (Vila Isabel) foram acionados para verificar uma ocorrência de feminicídio na Avenida Boulevard 28 de setembro e encontraram a vítima no apartamento. A Polícia Civil realizou a perícia no local do crime e o corpo de Ayend foi encaminhado para o IML do Centro do Rio.
Segundo amigos e familiares, Ayend e Samy teriam brigado no apartamento. Ela teria pedido o divórcio recentemente, e ele não aceitou. Ayend era estudante de pedagogia na Unirio e deixa dois filhos.
Sonho interrompido
Ayend tinha 31 anos e estava cursando pedagogia na Unirio. Ela começaria um novo estágio em Botafogo, na Zona Sul do Rio, na próxima semana.
— Ela estava fazendo pedagogia. Estava extremamente feliz por ter conseguido. Ela fez o Enem, passou. O estágio dela ia começar segunda-feira. Ela estava totalmente contente. E infelizmente o sonho da minha irmã acabou — conta William.
Ayend deixa dois filhos que teve com Samy, um de 6 anos e outro de 4.