Jornal Povo

Filha que planejou golpe milionário contra viúva de Jean Boghici passará por audiência de custódia nesta sexta

Está marcado para as 13h desta sexta-feira (12) a audiência de custódia da atriz Sabine Coll Boghici, de 48 anos, uma das presas e principal articuladora de um crime que desviou mais de R$ 720 milhões em obras de arte e joias da mãe, a viúva do colecionador Jean Boghici, morto há sete anos. Sabine está presa desde a última quarta (10) após a Operação Sol Poente que recuperou 11 obras de arte avaliadas em milhões de reais. O material estava na casa da cartomante Rosa Stanesco Nicolau, a “mãe Valéria de Oxossi”, que tem uma união esteval com a filha de Boghici. Ela também foi presa.

Também passarão por audiência de custódia: Rosa, seu filho Gabriel Nicolau Translavina Hafliger e a também mãe de santo Jacqueline Stanescos, prima de Rosa. Os quatro estão presos na Cadeia Pública José Frederico Marques em Benfica.

O advogado Sérgio Guimarães Riera, que defende a atriz afirmou nesta quinta (11) que “não houve golpe”. O que existe, segundo ele, é uma disputa judicial envolvendo os bens do pai da sua cliente. Para o advogado é preciso “deixar os preconceitos de lado e analisar os fatos”. Ele defende também Rosa Stanesco Nicolau e Gabriel.

— A história não é como está sendo passada. Evidentemente, não tivemos acesso a tudo. Existe um inventário, uma discussão judicial. Isso não veio à tona, mas num momento oportuno virá e a verdade será dita — destacou.

Questionado sobre a quantidade de quadros da idosa na casa da vidente, o advogado disse que sua cliente está sendo acusada de roubar obras que são dela e não da mãe.

— Os quadros não são da mãe. Eram do pai, que faleceu. Há um inventário e existem inúmeros quadros, não só aqueles que foram omitidos no inventário pela mãe (que segundo ele motivou a operação). Uma das coisas que nos gera surpresa é que a Sabine está sendo acusada de furtar um quadro que ela mesmo levou para a Justiça. Como ela vai roubar um quadro que foi ela quem levou ao Judiciário para que tomasse conhecimento e dizer que existe? — questionou o advogado, que completou: — A mãe é a inventariante, mas a posse pode estar com qualquer um dos herdeiros.

Sobre os trabalhos espirituais feitos por Rosa e Gabriel ter recebido dinheiro da idosa, Sérgio disse:

— A gente tem que deixar os preconceitos de lado. Estamos falando de um casal homossexual e aí já começam a falar das origens dos ciganos. A gente tem que deixar o preconceito de lado. Essa origem (cigana) é tão legítima como todas as raças. O trabalho espiritual é para quem acredita, como acreditam no espiritismo, no judaísmo, no catolicismos e etc. Temos que deixar os preconceitos de lado e analisar os fatos. Mas golpe não houve. Estamos terminando de estudar os autos. São cinco volumes. Hoje vou decidir o que fazer.

Horácio Oliveira Cariello que defende Jacqueline Stanesco, prima de Rosa e Diana, disse que sua cliente “não teve participação nenhuma” na trama e rechaça que um dia tenha atendido a mãe de Sabine.

— Por questões religiosas, de orientação, ela não atende fora do seu imóvel. Ela atende em Copacabana ou Nova Iguaçu. Ela não lembra que isso aconteceu. Se aconteceu, ou teria sido na (Avenida) Vinícius de Moraes (em Ipanema) ou em Nova Iguaçu. Mas ela diz que com certeza não atendeu essa senhora e não participou de trama nenhuma. Sem contar que ela não fala com as duas primas há mais de 15 anos. Elas não se dão. Brigam ferrenhamente há muitos anos por questões familiares — disse Horácio.

O advogado afirma que o nome de sua cliente “pode ter sido usado de alguma maneira por algum motivo”.

— Elas não se dão. Mas ela se predispõe a colocar as contas bancárias, abrir o sigilo telefônico para ver que não tem nenhuma ligação entre elas, tanto bancário quanto telefônico. Ela nem sabe quem é essa senhora. Ela reconheceu as primas por fotografias, porque elas são parecidas e ela se dispõe a fazer um reconhecimento facial com a idosa — afirmou Horário.