Serão construídos 700 quilômetros de redes coletoras e mais de 60 estações de bombeamento
Moradora, há 35 anos, de Vila de Cava, em Nova Iguaçu, a diarista Ana Maria de Oliveira Couto lembra como se fosse hoje das histórias contadas pelos vizinhos mais antigos sobre as águas do córrego que fica próximo à sua casa, hoje sujo e com mau cheiro. Ana Maria nunca viu o córrego, um dos afluentes do Rio Guandu, limpo, como contam os vizinhos, que se banhavam nas águas com tranquilidade, cercados de peixinhos gupi, nos anos 1970. Assim como a diarista, milhares de moradores de Nova Iguaçu, Japeri e Queimados que colecionam histórias parecidas lamentam as condições do Guandu, principal manancial de captação de água para abastecimento da Região Metropolitana do Rio.
Com atuação nos três municípios da Baixada Fluminense que influenciam na Bacia do Guandu, a concessionária Águas do Rio acaba de dar o primeiro passo para atender a essa população, que tem sofrido por décadas com a poluição e o descarte irregular de lixo e esgoto. Na terça-feira, dia 26 de fevereiro, a companhia deu início, em Japeri, a obras de esgotamento sanitário que vão beneficiar 9 milhões de usuários das águas do Guandu. Segundo a concessionária, serão construídos 700 quilômetros de redes coletoras, mais de 60 estações de bombeamento e uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) com capacidade de tratar 600 litros de esgoto por segundo, a ETE de Queimados. O investimento é de R$ 640 milhões e as obras vão durar 2 anos.
“Estamos começando um caminho rumo à universalização do serviço de esgotamento sanitário em Japeri, Queimados e num trecho de Nova Iguaçu, um investimento que está dentro das ações da empresa para levar saúde, dignidade e qualidade de vida à população. A ETE de Queimados, por exemplo, atenderá não somente aos dois munícipios, mas também a parte de Nova Iguaçu”, afirma Felipe Esteves, diretor executivo da Águas do Rio.
Segundo o diretor, o novo sistema vai beneficiar diretamente mais de 270 mil moradores e contribuir para que mais de 51 milhões de litros de esgoto deixem de ser lançados diariamente no Guandu.
“O impacto é imenso. Não apenas para as cidades envolvidas, mas para todo o estado. O Rio Guandu é responsável por abastecer 80% da região metropolitana do Rio de Janeiro e várias outras cidades. Essa iniciativa faz parte do compromisso da Águas do Rio em impulsionar a economia, a geração de renda, a preservação do meio ambiente, a saúde e o bem estar dos moradores”, acrescenta Felipe Esteves.
Enquanto em Japeri e Queimados haverá a implantação dos sistemas de esgotamento sanitário, com redes separadoras, estações elevatórias e de tratamento, o trecho de Nova Iguaçu que tem influência no Guandu receberá coletores de esgoto no modelo coleta em tempo seco. Todos os sistemas nas cidades atendidas serão monitorados, em tempo real, 24 horas por dia, pelo Centro de Operações Integradas (COI).
Presidente do Centro de Integração Cultural e Social Mão Amiga e moradora do Parque Mucajá, em Japeri, Izabel dos Santos, 58 anos, comemora a notícia:
“Estou muito feliz com a chegada das obras, que vão impactar positivamente o município. Sofremos há muito tempo com as valas negras. As crianças, principalmente, sofrem muito, sem saúde, em decorrência das dificuldades da falta de saneamento”, explica Izabel dos Santos.
