Alvinegro estreou com derrota por 3 a 1 na fase de grupos da Libertadores
O Botafogo estreou com derrota na fase de grupos da Libertadores, na noite desta quarta-feira. Dentro do Nilton Santos lotado, com 40 mil pessoas, o Alvinegro perdeu por 3 a 1 para o Junior Barranquilla – Bacca (2) e Fuentes fizeram para os colombianos e Hugo descontou.
O resultado encerrou série positiva justamente na despedida do interinato do treinador Fábio Matias. Na décima partida, ele conheceu a primeira derrota – tinha, até então, oito vitórias e um empate à frente do Alvinegro desde a demissão de Tiago Nunes.
Em meio à semana recheada de polêmicas extracampo, com presença do nome de John Textor envolvido em acusações e denúncias de manipulação, Matias considerou que o grupo estava blindado, mas reconheceu o dia ruim da equipe em campo.
– Dentro do processo diário nosso estava tudo controlado. Os atletas também interpretam e entendem isso da melhor forma. Até o presente momento, as escolhas, todas as determinações, tudo que foi ajustado em relação à equipe, em relação à ideia e modelo, parte da minha liderança. Então, se aconteceu hoje a derrota, a possibilidade maior é de quem está frente do comando no momento, que é minha. Então, não vejo essas relações externas prejudicando a questão do trabalho. Foi um dia ruim, foi um dia péssimo. Concordo que a intensidade e a agressividade que a gente vinha executando nos jogos anteriores não tivemos hoje. Contra o Red Bull a gente competiu muito, inclusive com o jogador a menos. Temos mais cinco jogos para fazer. Então, a gente perdeu esse primeiro, a gente tem a condição total de reverter. Todos estão mobilizados para poder trabalhar e para poder dar uma resposta para o torcedor, porque o torcedor quer essa resposta dentro da Libertadores, e na semana que vem também se inicia o Campeonato Brasileiro – afirmou o treinador interino do Alvinegro.
Ao lado do zagueiro Barboza, Matias considerou que o time entrou disperso no início da partida.
– Não foi um jogo bom, principalmente pelo primeiro tempo, e isso é óbvio, a gente sabe disso. Entramos um pouco desfocados, entramos um pouco dispersos, isso faz parte também, infelizmente. Isso nos prejudicou muito. Essas questões do espaço (deles) a gente havia detectado, a gente faltou um pouco de fechar no ajuste da zona central nossa, ali dos médios, em termos de ocupação de espaço. A gente ficou muito mais com umas referências individuais do que referências do espaço, do jogador que estava ali – disse Matias.
O treinador interino, que segue no clube como assistente da comissão permanente, também reconheceu os méritos do adversário.
– O time deles foi cirúrgico, teve as oportunidades, teve as chances, fez o gol. O nosso atacar marcando na relação da última linha, em alguns momentos foi prejudicado um pouco. Com pouco de falta de pressão ou de ajuste da primeira linha da nossa equipe. Isso a gente já vinha batendo há algum tempo já para poder ajustar. No intervalo fizemos a correção. A gente precisava ter um pouco mais de paciência, jogar um pouco mais pelos corredores, ter um pouco mais largura de campo, fazer o jogo andar com uma velocidade um pouco maior. Até os 20 minutos do segundo tempo a gente conseguiu ter essa velocidade e não fez o gol. Depois aí a energia, automaticamente, caiu e a gente foi buscar pelo menos o segundo para tentar buscar o empate, mas não conseguimos. Mas que sirva de lição para os outros cinco jogos para classificar dentro de um grupo que vai ser bem disputado, bem difícil – disse o treinador interino do Botafogo.
Último colocado no grupo, o Botafogo só volta a campo na próxima semana, novamente pela Libertadores, mas desta vez fora de casa, contra a LDU, em Quito, no estádio Casa Blanca, às 19h, na quinta que vem.
Mais da coletiva de Fábio Matias:
Marcação em Junior Santos
– A gente sabia disso, teve sim, eles tiveram um movimento muito interessante no corredor, então as dobras em relação às coberturas foram montadas e isso a gente não teve vantagem. Mas não conseguimos interpretar o jogo. A gente começou a fazer movimentos de jogo que não eram treinados Jogadores saíram dos espaços que estavam sendo organizados e iam pra outros espaços que não eram pra ter sido ocupados. E isso facilitou mais ainda para o adversário, pra que eles conseguissem bloquear as nossas principais ações. Mas a gente vinha de um processo coletivo e não só de uma aposta individual do jogador. Hoje, infelizmente, coletivamente a gente não teve um bom jogo. Não conseguimos as triangulações, os movimentos, em alguns momentos fora do timing, fora do lugar específico do jogo que deveria estar E isso acabou gerando uma facilidade maior pro adversário inibir as ações da nossa equipe.
“Esquece emocional”
– A gente teve um desequilíbrio como equipe, infelizmente isso aconteceu hoje. Esse momento, esse jogo, talvez seja o momento ideal para ter isso. Estamos todos chateados e tristes. Estou com sentimento muito ruim em relação a isso. Vamos ter as reuniões com o Artur, e eu olho muito o entendimento e interpretação do jogo, que é nosso ponto principal. Em alguns momentos desse comportamento, ele oscila. São atletas inteligentes, mas em alguns momentos do jogo precisamos evoluir isso. Fizemos essa mudança em alguns jogos, de interpretar o jogo em si. E fizemos isso, mas a capacidade de passar é nossa, e de interpretar é deles. Atletas têm capacidade para isso.
– Falar em “emocional” (tema da pergunta) é muito vago, é justificar uma coisa que teve uma oscilação, e a oscilação aconteceu no jogo de hoje, então a interpretação, esse entendimento nosso. A gente precisa evoluir isso, a gente fez isso durante vários jogos. A gente tem que ter uma questão mesmo de entender, interpretar e visualizar o jogo em si, e dentro disso a gente não conseguiu executar. Falar de emocionalmente frágil, emocionalmente… não, esquece, esquece isso. Esquece porque isso é uma coisa que eu não consigo enxergar somente isso, eu acho que isso é muito pobre. Muito pobre se justificar sempre na questão emocional.
Falhas iniciais
– Nos primeiros 10, 15 minutos não interpretamos realmente o espaço do jogo e isso dificultou um pouco as questões do jogo. Um pênalti, teoricamente, desestabilizou, mas muito mais pela interpretação nossa do jogo nossa, que não foi boa. E isso dentro do primeiro tempo nos prejudicou. Mas falei de interpretação de espaços. Mas não vou falar nada da questão emocional. Isso faz parte do jogo, e hoje tivemos dificuldade de ganhar duelos, de sermos intensos, de ser agressivos.
Adversário explorar laterais
– Com relação a essas transições ou contra ataques adversários nas costas laterais, foi muito mais por conta de a gente estar em organização ofensiva e não ter um perde e pressiona adequado. A gente não conseguiu, na perda da bola, sustentar a pressão. E isso acaba, vamos dizer assim, estourando muito mais em nossas laterais, em nossa linha defensiva. Então, quando a gente olha o jogo em si, a gente faz um recorte só da última linha. Não foi o problema da última linha. O problema foi nas situações de perda de bola em que a gente não estava organizado nos setores que deveria estar. E isso acabou prejudicando e estourando os movimentos nossos, principalmente da parte defensiva. Então, fica muito claro isso. Os ajustes principais eram para terem sido feitos, e o que a gente fez depois do segundo tempo, nas zonas altas. Tanto que, no segundo tempo, a gente não sofreu nada em relação às transições, praticamente, porque a gente conseguiu ajustar esses espaços. A gente trouxe o Marlon numa zona de mais segurança e controle, colocamos o Tchê Tchê um pouco ali mais naquela zona, começamos com o Eduardo, depois jogamos o Junior Santos com o Tiquinho na zona central, com o Jeffinho pelo corredor, com a entrando do Luis Henrique também, para tentar buscar essas situações aí e estar bem estruturado para atacar e também para ter pressão. Conseguimos empurrar o adversário para trás e no segundo tempo a gente empurrou o adversário para trás.
Ajustes defensivos
– Na última linha, quando você pensa em saltar pressão ou ter uma situação de pressão alta, você vai ter que ter ganho de duelos. Acho que o ponto principal, como eu falei anteriormente, foi esse espaço nas costas da linha dos nossos meias. Principalmente ali naquela zona mais próxima dos zagueiros, onde o adversário acabou flutuando. Então ali a gente não conseguiu e isso nos prejudicou bastante em relação ao espaço. A última linha começou a ter que descer e começa a se descer, descer, descer e os espaços acabam sobrando. Mas de novo eu bato muito na questão nossa daquela situação ali de estar na perda da bola. Está estruturado para poder ter um ajuste mesmo de perde e pressiona mais eficiente e um pouco mais forte.
Fonte: Ge