A nova composição do Conselho Superior do Ministério Público já trabalha nos bastidores para derrotar algumas pretensões do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Procuradores trabalham um documento para regulamentar o trabalho das forças-tarefas no Ministério Público país afora. No texto, deverá ficar claro o respeito ao princípio da independência funcional dos procuradores e a rejeição a qualquer tentativa de centralização hierárquica. O debate já pode começar na terça-feira, mas a ideia é que um texto final só seja apreciado em novembro.
É certo, porém, que na terça-feira ocorrerá uma eleição para a escolha do vice-presidente do conselho. O cargo é importante porque é ele que substitui o procurador-geral em caso de vacância do cargo. Hoje, o atual vice-presidente é Alcides Martins, aliado de Aras. Ele pode se candidatar à reeleição, mas os independentes articulam uma candidatura caso Alcides não sinalize uma independência de Aras durante sua gestão.
A chance de Alcides ser derrotado é real porque houve eleição e substituição de alguns integrantes do conselho em julho e na próxima terça-feira ocorrerá a primeira reunião já sob a nova formação. E as trocas que ocorreram deixaram Aras em minoria no conselho. Antes, cinco procuradores eram alinhados a ele e cinco eram contrários. No novo formato, seis são independentes.
Segundo fontes, esse cenário ajuda a entender por que Aras tem feito gestos ao colegiado e à própria categoria nas últimas semanas. Ele trocou, por exemplo, o secretário-geral Eitel Santiago, que em entrevista à CNN havia feito críticas duras à Lava Jato e à categoria. Em seu lugar entrou Eliana Torelly, considerada mais diplomática.
A própria prorrogação ou não das forças-tarefas ainda não está decidida. A do Paraná, por exemplo, com quem Aras tem travados embates neste ano, se encerra no mês de setembro e já formalizou um pedido para ser prorrogada. Aras não bateu o martelo, mas tem designado auxiliares extras para ajudar na continuidade dos trabalhos.
Fonte: CNN