A morte do apresentador Gugu Liberato deixou o Brasil de luto, mas um gesto generoso da família renovou a esperança de 50 pessoas na fila de transplantes nos Estados Unidos, onde ele morava. Mas a esperança de recuperar a saúde através de um transplante é universal. No Rio de Janeiro, 1.369 pacientes aguardam a doação de órgãos vitais para lutarem pela vida. Mais de 92% da demanda é por um novo rim, chegando a 1.265 doentes necessitados. Outros 77 precisam de fígado; 16, de coração; e 11, de pâncreas. Candidatos a transplante de rim esperam, em média, 17 meses por um doador compatível no estado. Os dados são do Programa Estadual de Transplantes (PET), da
Secretaria de Saúde.
A comoção com Gugu aumentou a busca por informações sobre o transplante de órgãos no Rio. O caso fez a dona de casa Vera Fernandes lembrar o duro momento em que precisou decidir sobre o destino para os órgãos da filha, a biomédica Rayza Fernandes, falecida, vítima de um aneurisma, aos 27 anos. A jovem desmaiou na casa do namorado na madrugada do dia 2 de maio deste ano. No hospital, os médicos diagnosticaram apenas 1% de atividade cerebral. A morte encefálica logo foi confirmada. Um baque para a família, já que nenhum sinal da doença havia se manifestado antes.
“Eu disse o ‘sim’ para poder salvar outras vidas, já que o 1% de vida da minha filha já tinha acabado. A gente é egoísta, quer a pessoa ali, mas senti um alento ao saber que o coração da Rayza tinha sido compatível com alguém. Ela tinha um grande coração”, disse Vera.
A única maneira de doar os órgãos e tecidos de falecidos no Brasil é com o consentimento da família, ainda que a pessoa que morreu tenha indicado o desejo. Na plataforma ‘Doe Vida’ (www.doemaisvida.com.br), é possível fazer um cadastro para manifestar essa vontade própria, que ajudará a lembrar aos familiares em caso de morte.